terça-feira, 9 de agosto de 2022

Estranhos conhecidos

Quando éramos estranhos um ao outro,
descobrimos que na verdade já nos conhecíamos.
As mãos já sabiam os caminhos.
Os pés, os passos.
Os lábios, os beijos.
A voz, as palavras.

As nossas descobertas
mostraram que já estivemos nos mesmos lugares.
Não que isso mudasse alguma coisa.
Eu quis continuar descobrindo
pra te reafirmar por dentro.

Te alimentar com os fragmentos de mim
que você desconhecia.
Receber em troca o mesmo
em doses homeopáticas.

Viver os dias de serenidade
segurando mãos cujos nós se entrelaçam.
Vibrar o corpo em ondas
nos enlaces.
Desfazer a saudade
em horas, minutos e segundos compartilhados.
Sentir com calma e certeza
como mares calmos de águas quentes.

A grande ironia é esta ideia:
habitar tantos lugares em comum é tão absurdo
que no fim o que predomina é o imponderável,
o lugar fora do comum,
o reino da surpresa e da descoberta.
Ainda bem.

Como é bom poder te (re)encontrar.
Como é bom poder te (re)descobrir.



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