segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Um tipo de dia.

Hoje o dia acordou
com cara de "Desculpa".
Desculpa se ainda está escuro.
Desculpa se nem te mostro o sol.
Desculpa se lhe parece frio,
hoje o dia, na realidade,
vai ser quente.
Desculpa a rua suja,
com cheiro de cigarro.
Desculpa o trânsito.

Desculpa o céu nublado,
logo mais ficará azul.
Desculpa o café fraco.
Desculpa o café da manhã corrido.
Desculpa a noite mal-dormida.
Desculpa o dia.

Desculpa o sonho esquecido,
a mentira acreditada,
a mentira contada,
a verdade dolorosa,
a escolha mal-feita
e a esperança mal-sucedida.

Hoje o dia acordou
com cara de "Desculpa".

Bem...
Desculpa.

quarta-feira, 10 de julho de 2013

Concerto dos Mudos.

Hoje quis fazer serenata
mas tuas palavras
soam como valsa.

Hoje quis fazer samba
mas o teu jeito
pede um chorinho.

Hoje quis fazer sinfonia
mas os teus olhos
pedem sonata.

Pois é, meu bem.
Hoje quis fazer música
mas o que você merece
é silêncio.

Vazio de cores.


Não cruze teus braços
nem feche tua mão.
Que não cerrem os seus olhos,
nem se cale a tua boca
e que não se ensurdeçam 
                    [teus ouvidos.

Sei que talvez,
te pesem os fardos
e que lhe sejam
duras as palavras
e tristes as visões.

É que o mundo às vezes,
mescla o preto com o branco
e se deixa abater
pela melancolia do cinza.

Antes de mergulhar nessa 
                          [dicotomia porém,
lembra que do branco
surgem todas as cores,
basta uma lente diferente.
Lembra que o preto
é a ausência de todas.

Pois assim se lembrará
de não sufocar o peito
quando lhe apertar o coração.

Pois assim
não se fechará vazio
quando houver cores
para lhe preencher.