domingo, 29 de janeiro de 2012

Miguel e o mar.

Diga pra mim, por que encara o mar, Miguel? Com esses seus olhos vazios e esse rosto inanimado. Por que encara o mar, Miguel? Por um acaso você me diria o que é o mar, Miguel?
- O mar é o finito que parece infinito. O mar é a distância entre mim e o meu sonho. Pois é bem assim que funciona. Entre aquilo que eu vejo e quero parece existir um mar, um espaço que parece não ter fim. Às vezes a vida parece tão pesada, tão imensa, tão longa, e o que passa na cabeça é: a vida parece não ter fim. E aí a vida é como o mar, algo finito que parece infinito. E os braços se estendendo, as pernas se esticando o máximo que podem, os olhos se forçando a enxergar, os pulmões agarrando todo o ar, o coração batendo o mais rápido que pode sem te matar e você tentando desesperadamente nadar até o fim do mar. Mas tem vezes que esse "mar" é muito frio e você parece ser dragado pro fundo dele, se afogando para depois ser jogado de volta à superfície. Existem vezes que essas "águas" são muito escuras e você tem medo de seguir a maré, daí você se joga contra a maré e a maré te joga de volta pro início. Mesmo assim você se joga no "mar", pro "mar" te preencher. E aí você nada por sabe-se lá quanto tempo, um tempo que você não consegue contar através de uma distância que você não consegue mensurar. No fim, talvez, você chegue em uma outra praia só para deitar e não acordar mais ou então o "mar" te cansa e você afunda para descansar esquecido no fundo do oceano. O mar é isso.