segunda-feira, 28 de maio de 2012

Entortando.


O tempo,
o tempo deixa a gente meio azedo, meu amor.
Mas não um azedo qualquer.

Sente-se falta
Do olfato perfumado,
do paladar doce,
da imagem delicada.
É que o tempo degenera.

E o tempo tira,
rouba e tomba.
Constrói, sedimenta
e crucifica.
Mas não que eu seja tão velho,
é que o tempo
pesa tanto mais na alma,
do que no corpo.

E a gente
nem saudade sente mais.
Não olha pro futuro,
porque o tempo
passa na maneira
que bem lhe convém.

E como tudo
o tempo entorta
quando esbarra em algo
que não controla completamente.

Chega uma pessoa,
constrói uma memória.
Constrói um sentimento,
finca raiz na gente.

Vem o paladar doce,
o olfato perfumado,
a visão privilegiada.
A alma revujevenesce.

E ai do tempo!
Que volta a ser poeira,
quando conhece o amor. --

Te amo.

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