domingo, 19 de outubro de 2025

夢 - Yume

Eu tenho tido esses sonhos estranhos,
eles são tão reais e tão absurdos.
Outras vidas, outros mundos.
Castelos, ruas, monstros, máquinas e gente.
Histórias, todos estes sonhos são histórias.

No meio dos transes oníricos,
lampejos da realidade.
Caminhar ao lado de alguém
que não vejo há anos.
Dormir com corpos sem rosto,
mas de toques familiares.
Conversas sobre o tempo,
das vidas que seguem.

Eu ando tendo sonhos tão estranhos ultimamente
Eu deixo que as histórias se encerrem,
assim como os sonhos
que terminam no despertar.

segunda-feira, 21 de julho de 2025

Obrigado pelos peixes

Sinto no ar aquele cheiro
cheiro de partida.
E não sinto mais medo,
ou culpa, ou vergonha.

Quero fingir que acredito
não saber quem eu sou.
Quero estar nesse lugar,
onde ninguém me conhece,
onde não conheço ninguém
e finjo que me desconheço também.

Na verdade pouco me importa,
ninguém ou alguém.
Quero que a minha partida
seja só minha.
E se não me conhecem, tudo bem.
Eu me conheço
e a cada dia me conheço mais
na medida do meu próprio desconhecimento.

Ser desconhecido no desconhecido.
Ser conhecido a cada parte desconhecida.
Eu vou e só sei que vou.

quinta-feira, 3 de julho de 2025

As muitas mortes de um artesão de memórias

Foi como morrer de novo
e ainda que eu saiba
que só se vive uma vez,
morre-se muito mais de uma.
E eu sei dizer
cada uma dessas vezes em que morri.

Foi como se algo se quebrasse
ou fosse quebrado.
Uma estátua de você que, finalmente,
despedacei com gentileza
e com as minhas próprias mãos.

Talvez assim, quem sabe,
você se sinta em paz também
ao saber que morre o último registro pulsante
dessa versão ultrapassada de você.

Morre, enfim,
a última versão de mim
que carregava por dentro
uma velha noção de você.




Essa nunca foi uma história de abandono, é uma história de escolha.

terça-feira, 24 de junho de 2025

Tenho pensado em você todo santo dia há meses. O único momento em que não te vejo é no meu sono e mesmo assim não é garantido que você não me apareça em uma visão lynchiana dentro de algum sonho meu.
Sei que você vai me apagando na medida do possível, das fotos, das músicas, dos pensamentos e o que houver mais pra apagar. Não vou dizer que não é doloroso porque é, mas se é o necessário pra te permitir achar um caminho que te leve à felicidade e à sua paz, estarei sempre te apoiando.

sexta-feira, 20 de junho de 2025

Lugar nenhum

Não posso dizer que não lembrava da sua voz. 
Porque lembro, sempre lembro. 
Meu castigo é a memória, cristalina.
Apesar disso,
acho que é também um dom.

Eu poderia sentir raiva
e te acusar 
de me colocar em um "não-lugar" 
mas isso seria hipocrisia. 

Acredito que você também 
se sentiu aprisionada
por um "não-lugar"
que a minha ausência construiu.

Mas talvez um dia
possamos construir um lugar
e recebermos um ao outro,
frente a frente.

quarta-feira, 11 de junho de 2025

A minha lista incompleta do amor

Eu queria escrever uma lista
de todas as coisas sobre amor,
de todas as coisas do amor
e de todas as coisas pelo amor.
Eu sei que nunca vou terminar,
então essa lista é algo perfeito
pra ser o trabalho de uma vida toda.

Essa lista é minha
então ela com certeza será incompleta.
Eu espero que ela seja mais uma,
de outras infinitas listas incompletas
sobre amor,
do amor
e pelo amor.

O amor tem fim.
O amor não garante nada.
O amor não é tudo,
tampouco é o suficiente por si só.
O amor tem um preço,
ainda que ele mesmo não seja aceito
como moeda de troca em muitos casos.
O amor não é uma constante.
O amor ocupa espaço dentro de nós 
e quando desocupa
deixa menos do que havia quando chegou.

O amor termina sim, mas também é capaz de mudar,
até mesmo por não ser constante.
Aparece com o mesmo rosto, a mesma voz,
mas com um vocabulário novo,
com outros gestos e com novas sabedorias.
O amor não garante, realmente,
ele se reafirma como escolha.
O amor se paga com coragem,
coragem de escolher o amor,
mesmo sabendo que um dia
poderemos receber em troca o luto.
O amor ocupa espaço 
e parece ser tão maior do que o que havia antes ali
porque é tão grandioso e tão sublime
que faz crescer tudo que há por dentro.

De fato, o amor não é tudo,
tampouco é o suficiente.
Mas sem o amor não há nada,
pelo menos pra mim,
já que é o amor a medida definitva
do valor de todas as coisas.

domingo, 1 de junho de 2025

Eu me pergunto se é possível continuar mais tempo sem falar nada. Se é possível sustentar essa falta de palavras e de presenças.
Toda a vez que a maré sobe parece que ficamos mais perto de transbordar. Eu não consigo mentir pra mim mesmo, a cada onda forte chego mais perto do meu limite. Eu me pergunto: o que vai acontecer quando a primeira gota ultrapassar a borda?

sexta-feira, 23 de maio de 2025

Ainda dói, mas agora tudo vai bem

Esfregar o sal nas feridas
de nada serve.
Elas já ardiam muito antes,
o tecido frágil, rasgado,
já sofria a cada respiro.

Nada há de puro,
nem de purificação,
no sofrer.
Não é a dor que expia nossos pecados,
que consola os nossos erros.

É a dor que ensina?
É ela que ensina a não doer?

A gente a trata como profetisa,
sacerdote de uma religião de merecimento.
Transforma a dor em falso ídolo.

O que ensina a dor senão a senti-la?

Acho que a dor ajuda.
Ajuda a desapegar de vez para que não doa mais
ou a lutar com unhas e dentes
para que seja superada.

A dor guarda em si mesma
a sua gênese e o seu fim.

segunda-feira, 12 de maio de 2025

Pandora

Eu espero que você me perdoe
se eu ainda guardar algo.

Minha memória não se apaga
e sobrescreve o esquecimento,
não permite que ele venha habitar
ao lado de coisas tão preciosas.

Eu espero que você me perdoe,
se por acaso abrir este baú.

Pois dentro dele há fotos em movimento,
palavras escritas sendo recitadas,
tecidos cujo tato remete a toques conhecidos e desconhecidos pela distância e tempo,
sons das vozes de choro, alegria e prazer que ecoam ao vento.

Eu espero que você me perdoe,
se me ver ao lado deste baú,
ainda zelando por ele.





terça-feira, 6 de maio de 2025

Aqui mora um homem e seu fantasma

Me disseram pra ir
Nesta casa não há nada
Me disseram pra ir
mas quando vi
já era o último aqui,
o último fantasma

Desta vez escolhi ficar,
não condenar mais uma alma a solidão.
Eu e meu fantasma,
não há passado para assombrar
quando estamos juntos.

Eu e meu fantasma resolvemos ficar
na nossa casa,
no nosso corpo,
onde não assombramos ninguém.

Meu fantasma me leva à noite pela janela,
não diz nada,
quer me mostrar o mundo lá fora.
Os perdidos e esquecidos dormindo no chão
As luzes frias iluminando os cantos,
o chiaroescuro na cidade.

Eu e meu fantasma,
na solidão da nossa própria companhia.

terça-feira, 29 de abril de 2025

Nesse tempo de solidão

Tempo
Ponto
Linha
Uma memória 
Um turbilhão

Somente a noite
Somente a chuva
De olhos fechados 
Na mente não há silêncio

Um livro acaba
Sonho que choro
Mas quando acordo já não tenho mais lágrimas para chorar




"Para você, a 2000 anos no futuro"

sábado, 5 de abril de 2025

Tanta coisa pra ser dita, mas nada saiu. Eu reconheci aquele cheiro que você colocou em si mesma. Eu mal consegui olhar na sua direção. Ainda gosto de você, a despeito de tudo.

terça-feira, 18 de fevereiro de 2025

Debaixo do sol

Tenho medo de sair de casa,
medo de andar por aí
e te encontrar em alguma rua

Tenho medo de que ao te ver,
como se fosse pela primeira vez,
eu incendeie, queime por completo

Medo que você brilhe tão forte,
tão intensamente ainda dentro de mim
que tudo o que restará do meu coração
será uma pequena pedra de carvão

Que coisa terrível,
viver com medo de um amor,
medo de amar ainda e além

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2025

Uma carta para você

 Sinto que deveria te escrever esta pequena carta, mas não enviá-la. Quero a princípio apenas que ela exista e que o que foi dito aqui exista também. Não sei se você será capaz de lê-la algum dia, se vai esbarrar com ela em algum momento de curiosidade ou de lembrança, por enquanto basta que ela exista e que se um dia você chegar a vê-la, saiba que é tudo verdade.

Não vou te enviar esta carta porque sinto que a distância entre nós é hoje um lago com um equilíbrio delicado, águas calmas que não devem ser perturbadas. Vou guardá-la então, no fundo destas águas. Esta carta é um pedido de desculpas, por coisas que já foram ditas. É importante pra mim. Mesmo que sejam desculpas jamais encontradas ou aceitas, elas são o reconhecimento de um erro.

Um dia desses eu disse aqui que você havia "me dado pouco e me tomado muito". Isso não é verdade. Nunca foi. Esse cálculo não existe além da neurose, depois que ela se esvai e vem a calma e aceitação das coisas que foram e que são, a verdade para mim é esta: você me deu o que você quis e pôde me dar, assim como eu dei o que quis e podia te dar. Longe de sermos insuficientes ou exagerados, fomos apenas o que podíamos ser. Assim como agora tenho certeza que estamos tentando com todas as forças nos transformar naquilo que ainda não somos e não sabemos o que será.

Esta carta existe e sempre existirá, mas nós que fomos, daqui em diante não mais seremos os mesmos. Com muita esperança te digo que seremos outros, não melhores, nem piores, apenas o que precisarmos e quisermos ser.

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2025

Hoje o mundo todo é só ruído e nenhuma substância. Vazio, eco, solidão infinita. Queria conseguir me preencher e esquecer dos sentimentos ruins com a mesma facilidade dos outros. Tem algo de errado comigo. Hoje quero desistir.

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2025

Boa noite, Clarice

Sinto que preciso dizer algo, mas não sei o que. Parece que o futuro tenta se impor, se adiantar antes mesmo de ser construído. Um futuro assim não é nada além de ansiedade.
Clarice disse uma vez que se sentia presa dentro de si, tornou-se "intolerável para ela mesma", dizia que lhe faltava uma beleza que sempre perseguiu: a liberdade. Gostaria de dizer para Clarice que somos todos intoleráveis para nós mesmos. Somos tão intoleráveis assim porque nos falta algo por essência, sempre faltará. Por isso buscamos tanto o outro, e é bom que seja assim. Melhor que sejamos incompletos juntos de outros "alguéns". E na medida em que ser incompleto seja também uma busca, que se faça presente a beleza que tanto lhe faltou. Buscando somos livres e encontrando pequenos pedaços de outros, costurando retalhos com outras mãos, seremos também felizes.
Não importando que nem sempre tenhamos a felicidade, porém sabendo que sempre a reencontraremos, mas tentando sempre ser e deixar-nos livres de nós mesmos. Para que se possa reencontrar a si, sem se dilacerar e sem se perseguir. 
Clarice, acho que nunca vou me aceitar por completo, também não acredito que existe alguém capaz desse feito, mas sou feliz com as partes de mim aceitas pelos outros e pelas partes dos outros que aceito também. E sendo aceitado e aceitando o outro, vejo que talvez eu não seja tão intolerável assim.

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2025

Um dia eu vou reabrir aquele lugar. Vou recolocar todas as nossas fotos no devido lugar. Mas eu não vou estar lá, não irei reproduzir ecos e fragmentos da minha vida e dos outros. Eu vou depositar minhas memórias, meus sentimentos. Tornar eterno (enquanto durar) o meu carinho, meu amor, minhas amizades e histórias. Aquele lugar será um museu de algo que viveu e pulsou e que vive e que pulsa agora. E se um dia aquele lugar não existir mais, eu reproduzirei todas as imagens a mão se assim for necessário, para prestar homenagem a tudo e todos que ajudaram a me construir. E se um dia aquele lugar não existir mais, eu recitarei todas palavras que foram dedicadas, vou rabiscar as paredes repetidas vezes até que o último lápis do mundo se parta e a última caneta do mundo seque.

quinta-feira, 30 de janeiro de 2025

 Algo mudou. Na verdade, muito já mudou e um outro tanto parece se precipitar em direção à mudança também.  Recentemente me peguei lembrando de você, mas não da mesma forma de antes. Ainda que exista a falta, a saudade, a memória não me doeu nestes lugares. A memória me trouxe ternura, um aconchego, me senti feliz em poder lembrar de você e me sentir assim.

Recentemente quando vejo algo e penso no que você diria, acho divertido. Escuto sua voz, vejo a expressão que você teria no rosto, até mesmo as palavras que diria. É como levar você comigo. Uma forma mais amena de sentir essas dores que a sua ausência traz e uma lembrança de que todo sentimento é orvalho, se precipita e repousa dentro do peito.

quinta-feira, 23 de janeiro de 2025

 Um dia desses me lembrei de um vídeo que assisti. Um breve relato de uma mulher. Ela falava sobre como se sentia, descrevia seu embate com a solidão. Dizia que ultimamente se sentia muito só e que a solidão lhe pesava nos ombros. Esse vazio a acompanhava independente de onde estivesse e com quem estivesse. Ela rejeitava essa solidão e a deixava por si só. Até que em um determinado momento, ela passou a se sentir confortável com ela. A solidão fazia parte de sua vida. Ela encerrou com uma frase que ia mais ou menos assim:

- Agora quando chego em casa, eu encontro a solidão sentada no meu sofá, esperando. Então eu sento ao lado dela e lá permanecemos juntas, nos tornamos amigas.

Eu lembro que fui curioso ler os comentários, pessoas perguntando se ela estava bem, se tinha alguém que lhe fizesse companhia. Ela respondia educadamente "tenho tudo", tinha amigos, namorados, família, trabalho, enfim, ingredientes de uma vida que não é solitária. Acontece que mesmo que tenhamos "tudo", sempre faltará algo. Nossos vazios existenciais, eu acho que ela entendia isso. E hoje eu acho que entendo melhor também.

Nunca teremos tudo e sempre buscaremos algo, essa é a nossa pulsão enquanto seres humanos. Assim como buscamos e descobrimos outras pessoas, descobrimos que elas nos preenchem de coisas que queríamos ou sequer sabíamos que existiam. É simplesmente natural. Mesmo assim, os vazios permanecerão lá. O primeiro passo, para mim, é racional: os vazios existem, eles não serão preenchidos. O segundo passo é... emocional? Espiritual? Não sei, mas o segundo passo é sentir e aceitar o sentimento desses "buracos". Esse é o difícil.

Recentemente eu senti a solidão e de início também a rejeitei, até de maneira desesperada. Eu não queria passar pela minha sala e ver a solidão no meu sofá. Sobretudo, eu não queria passar pela minha sala e ver alguém que não via há muito tempo lá também: eu mesmo. Isso tem sido mais calmo ultimamente, tenho me pegado apreciando a minha solidão, os meus silêncios, a minha própria companhia.

Hoje também chego em casa, olho pro sofá e vejo a minha solidão, vejo a mim mesmo e alguns dos sentimentos que tenho por você, nós nos sentamos juntos, acomodados. No futuro sei que sentarei ao lado dos outros sentimentos que ainda me são dolorosos, mas vou precisar de um sofá muito grande, pois são todos enormes e numerosos. Hoje tenho alguns novos amigos, inclusive eu mesmo.





quinta-feira, 16 de janeiro de 2025

 Nós vamos nos curar, eu sei.



quarta-feira, 15 de janeiro de 2025

Ontem acho que finalmente consegui aceitar um sentimento, depois de tanto tempo. Aceitar um sentimento envolve não ter vergonha de si por senti-lo. Aceitar um sentimento envolve deixar que se sinta, mesmo que não seja o que você quer, o sentimento precede a própria vontade. Aceitar um sentimento envolve aceitar a dor que ele traz.
Ontem aceitei que quando penso em desejo, ainda penso em você. Por mais que isso me doa, por mais que ao tentar desejar outras pessoas, o desejo escoe de volta para você. Isso machuca, mas poder aceitar me trouxe um pouco de paz.

terça-feira, 14 de janeiro de 2025

Por favor, sai da minha cabeça, do meu corpo, do meu desejo, sai de dentro de mim. Por favor. Eu sei que eu já saí de você, agora você que me deu tão pouco e me tomou tanto, vai embora, só isso que te peço. Eu não posso fugir, mas você pode ir.

segunda-feira, 13 de janeiro de 2025

Pausa

A minha vontade de viver não respeita
a minha necessidade de sofrer.

Ser esmagado pela própria força,
o desejo desesperado de ser.
Este coração sangra,
despeja em litros,
há sede.

Mas estes pés andam,
a despeito do cansaço.
E estas mãos agarram
o próprio ar.

Há tanta vontade,
tanto desejo,
tanto tempo.

Tempo de sofrer,
tempo de querer.
Tempo para cessar.

sexta-feira, 10 de janeiro de 2025

A natureza indomável das coisas ou porque temos que aceitar que não controlamos quase nada

O amor é um cavalo de vidro
É delicado e violento
Demanda cuidado,
mas precisa ser livre.

Não adiantar tentar dominá-lo,
é melhor deixarmos que vá.
Podemos sofrer ansiosamente
a sua ausência,
a incerteza de sua volta.
Ou podemos admirá-lo correr,
felizes em vê-lo andar solto,
tranquilos da sua natureza.

O amor não se dá,
não se toma,
ele galopa e adentra sem pedir.
E se ele vai embora
ou se parte em mil pedaços,
ele deixa sempre ao menos um fragmento.
Prova de que existiu aqui
um animal selvagem,
forte e frágil ao mesmo tempo,
mas sobretudo livre.

O amor é um cavalo de vidro
e eu consigo te ver através dele.

quarta-feira, 8 de janeiro de 2025

Em meio a tanta confusão, você ao menos sabia que não queria estar ao meu lado.


domingo, 5 de janeiro de 2025

Tannhäuser

Eu não estarei ali
Eu não serei encontrado naquelas fotos
Minha voz não será ouvida nestas e outras palavras mais
Não estou mais naquelas músicas
Naqueles filmes

Eu não estarei ali
Não estarei nos sorrisos dados
Nos olhares cruzados e sustentados
Nas roupas vestidas e guardadas
No cheiro dos perfumes e outras fragrâncias

Eu não estarei ali
Não serei sentido nas emoções conhecidas e revividas
Não serei refletido por outros espelhos, projetado por outras imagens de alguém

Eu estarei onde eu quero estar
Independente de onde e do que for