domingo, 19 de outubro de 2025
夢 - Yume
segunda-feira, 21 de julho de 2025
Obrigado pelos peixes
quinta-feira, 3 de julho de 2025
As muitas mortes de um artesão de memórias
terça-feira, 24 de junho de 2025
sexta-feira, 20 de junho de 2025
Lugar nenhum
quarta-feira, 11 de junho de 2025
A minha lista incompleta do amor
domingo, 1 de junho de 2025
sexta-feira, 23 de maio de 2025
Ainda dói, mas agora tudo vai bem
segunda-feira, 12 de maio de 2025
Pandora
terça-feira, 6 de maio de 2025
Aqui mora um homem e seu fantasma
terça-feira, 29 de abril de 2025
Nesse tempo de solidão
sábado, 5 de abril de 2025
terça-feira, 18 de fevereiro de 2025
Debaixo do sol
sexta-feira, 14 de fevereiro de 2025
Uma carta para você
Sinto que deveria te escrever esta pequena carta, mas não enviá-la. Quero a princípio apenas que ela exista e que o que foi dito aqui exista também. Não sei se você será capaz de lê-la algum dia, se vai esbarrar com ela em algum momento de curiosidade ou de lembrança, por enquanto basta que ela exista e que se um dia você chegar a vê-la, saiba que é tudo verdade.
Não vou te enviar esta carta porque sinto que a distância entre nós é hoje um lago com um equilíbrio delicado, águas calmas que não devem ser perturbadas. Vou guardá-la então, no fundo destas águas. Esta carta é um pedido de desculpas, por coisas que já foram ditas. É importante pra mim. Mesmo que sejam desculpas jamais encontradas ou aceitas, elas são o reconhecimento de um erro.
Um dia desses eu disse aqui que você havia "me dado pouco e me tomado muito". Isso não é verdade. Nunca foi. Esse cálculo não existe além da neurose, depois que ela se esvai e vem a calma e aceitação das coisas que foram e que são, a verdade para mim é esta: você me deu o que você quis e pôde me dar, assim como eu dei o que quis e podia te dar. Longe de sermos insuficientes ou exagerados, fomos apenas o que podíamos ser. Assim como agora tenho certeza que estamos tentando com todas as forças nos transformar naquilo que ainda não somos e não sabemos o que será.
Esta carta existe e sempre existirá, mas nós que fomos, daqui em diante não mais seremos os mesmos. Com muita esperança te digo que seremos outros, não melhores, nem piores, apenas o que precisarmos e quisermos ser.
quarta-feira, 12 de fevereiro de 2025
quinta-feira, 6 de fevereiro de 2025
Boa noite, Clarice
segunda-feira, 3 de fevereiro de 2025
quinta-feira, 30 de janeiro de 2025
Algo mudou. Na verdade, muito já mudou e um outro tanto parece se precipitar em direção à mudança também. Recentemente me peguei lembrando de você, mas não da mesma forma de antes. Ainda que exista a falta, a saudade, a memória não me doeu nestes lugares. A memória me trouxe ternura, um aconchego, me senti feliz em poder lembrar de você e me sentir assim.
Recentemente quando vejo algo e penso no que você diria, acho divertido. Escuto sua voz, vejo a expressão que você teria no rosto, até mesmo as palavras que diria. É como levar você comigo. Uma forma mais amena de sentir essas dores que a sua ausência traz e uma lembrança de que todo sentimento é orvalho, se precipita e repousa dentro do peito.
quinta-feira, 23 de janeiro de 2025
Um dia desses me lembrei de um vídeo que assisti. Um breve relato de uma mulher. Ela falava sobre como se sentia, descrevia seu embate com a solidão. Dizia que ultimamente se sentia muito só e que a solidão lhe pesava nos ombros. Esse vazio a acompanhava independente de onde estivesse e com quem estivesse. Ela rejeitava essa solidão e a deixava por si só. Até que em um determinado momento, ela passou a se sentir confortável com ela. A solidão fazia parte de sua vida. Ela encerrou com uma frase que ia mais ou menos assim:
- Agora quando chego em casa, eu encontro a solidão sentada no meu sofá, esperando. Então eu sento ao lado dela e lá permanecemos juntas, nos tornamos amigas.
Eu lembro que fui curioso ler os comentários, pessoas perguntando se ela estava bem, se tinha alguém que lhe fizesse companhia. Ela respondia educadamente "tenho tudo", tinha amigos, namorados, família, trabalho, enfim, ingredientes de uma vida que não é solitária. Acontece que mesmo que tenhamos "tudo", sempre faltará algo. Nossos vazios existenciais, eu acho que ela entendia isso. E hoje eu acho que entendo melhor também.
Nunca teremos tudo e sempre buscaremos algo, essa é a nossa pulsão enquanto seres humanos. Assim como buscamos e descobrimos outras pessoas, descobrimos que elas nos preenchem de coisas que queríamos ou sequer sabíamos que existiam. É simplesmente natural. Mesmo assim, os vazios permanecerão lá. O primeiro passo, para mim, é racional: os vazios existem, eles não serão preenchidos. O segundo passo é... emocional? Espiritual? Não sei, mas o segundo passo é sentir e aceitar o sentimento desses "buracos". Esse é o difícil.
Recentemente eu senti a solidão e de início também a rejeitei, até de maneira desesperada. Eu não queria passar pela minha sala e ver a solidão no meu sofá. Sobretudo, eu não queria passar pela minha sala e ver alguém que não via há muito tempo lá também: eu mesmo. Isso tem sido mais calmo ultimamente, tenho me pegado apreciando a minha solidão, os meus silêncios, a minha própria companhia.
Hoje também chego em casa, olho pro sofá e vejo a minha solidão, vejo a mim mesmo e alguns dos sentimentos que tenho por você, nós nos sentamos juntos, acomodados. No futuro sei que sentarei ao lado dos outros sentimentos que ainda me são dolorosos, mas vou precisar de um sofá muito grande, pois são todos enormes e numerosos. Hoje tenho alguns novos amigos, inclusive eu mesmo.