quinta-feira, 23 de janeiro de 2025

 Um dia desses me lembrei de um vídeo que assisti. Um breve relato de uma mulher. Ela falava sobre como se sentia, descrevia seu embate com a solidão. Dizia que ultimamente se sentia muito só e que a solidão lhe pesava nos ombros. Esse vazio a acompanhava independente de onde estivesse e com quem estivesse. Ela rejeitava essa solidão e a deixava por si só. Até que em um determinado momento, ela passou a se sentir confortável com ela. A solidão fazia parte de sua vida. Ela encerrou com uma frase que ia mais ou menos assim:

- Agora quando chego em casa, eu encontro a solidão sentada no meu sofá, esperando. Então eu sento ao lado dela e lá permanecemos juntas, nos tornamos amigas.

Eu lembro que fui curioso ler os comentários, pessoas perguntando se ela estava bem, se tinha alguém que lhe fizesse companhia. Ela respondia educadamente "tenho tudo", tinha amigos, namorados, família, trabalho, enfim, ingredientes de uma vida que não é solitária. Acontece que mesmo que tenhamos "tudo", sempre faltará algo. Nossos vazios existenciais, eu acho que ela entendia isso. E hoje eu acho que entendo melhor também.

Nunca teremos tudo e sempre buscaremos algo, essa é a nossa pulsão enquanto seres humanos. Assim como buscamos e descobrimos outras pessoas, descobrimos que elas nos preenchem de coisas que queríamos ou sequer sabíamos que existiam. É simplesmente natural. Mesmo assim, os vazios permanecerão lá. O primeiro passo, para mim, é racional: os vazios existem, eles não serão preenchidos. O segundo passo é... emocional? Espiritual? Não sei, mas o segundo passo é sentir e aceitar o sentimento desses "buracos". Esse é o difícil.

Recentemente eu senti a solidão e de início também a rejeitei, até de maneira desesperada. Eu não queria passar pela minha sala e ver a solidão no meu sofá. Sobretudo, eu não queria passar pela minha sala e ver alguém que não via há muito tempo lá também: eu mesmo. Isso tem sido mais calmo ultimamente, tenho me pegado apreciando a minha solidão, os meus silêncios, a minha própria companhia.

Hoje também chego em casa, olho pro sofá e vejo a minha solidão, vejo a mim mesmo e alguns dos sentimentos que tenho por você, nós nos sentamos juntos, acomodados. No futuro sei que sentarei ao lado dos outros sentimentos que ainda me são dolorosos, mas vou precisar de um sofá muito grande, pois são todos enormes e numerosos. Hoje tenho alguns novos amigos, inclusive eu mesmo.





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